A maioria das pessoas quando veem um poeta pensam logo em um ser amoroso, lúdico, que vive com a cabeça entre as nuvens. E de fato estamos. Mas há também de lembrar dos outros poetas. Aqueles que enxergam além da verdade. A poesia de guerrilha. Que apontam o dedo na cara e ainda discute. Aqueles que olham pra vida e ainda mais. Muito mais. Que enxergam a beleza na própria melancolia e tornam o caos do mundo mais belo. Devem lembrar que existe, não o poeta, mas a própria poesia. Que habita nele e em nós. Que habita em qualquer lugar. E o papel dele é informar, informar que existe essa beleza na vida. Informar que não só o amor rima com dor, mas quiçá o pavor. O pavor de viver, de se arrastar a cada dia que passa. Levantar-se e correr pra mais uma rotina de labuta. Esse poeta não descansa, pois ele respira e destila palavras. Tenta capturá-las como uma criança que tenta estourar bolhas de sabão. Esse tipo de poeta guerreia consigo mesmo. “Senta-te, velho sarnento! E vá escrever.” É isso que querem faça. Mas a arte vem de forma espontânea e se ele não se alimentar não poderá criá-la. Seja de pão ou seja de álcool, o poeta arranja uma forma de sobreviver. Como Rimbaud saindo do próprio inferno. Sua luta diária não se limita ao horizonte. Vai para todos nós. Que possamos enxergar a vida de forma mais leve e bela. E quem sabe pegar emprestado os teus olhos e ver, nem que seja por um curto período de tempo, o mundo com uma perspectiva completamente diferente.