quarta-feira, 28 de outubro de 2020

*Poesia Sem Nome #02*

Venha,
Oh! Velho cão sarnento
Bill, o Cólero.
Venha abraçar as mãos de seu aflito pai.
Um bom filho a casa torna.
Hoje é dia de comemorar,
Nenhum sofrimento é em vão!
Suas asas feridas somente são bonitas
Após serem cicatrizadas.

Mas deixa tudo isso pra lá,
É melhor seguir o fluxo
E aceitar a situação.
Levar a vida de forma leviana
E arrebatar os pecados que foram
Largados dentro da carne.
Vamos sorrir,
Sorrir para o cetro do destino!
Beijar os ponteiros do relógio,
E festejar a volta de Bill.

Enquanto outros,
Loucos forasteiros,
Observam o sangue secar
E manchar a roupa da alma,
Aquela mesma que foi despida por luxúria e poder.
Agora anda com o cego,
Pois não sobrou ninguém para crer.
Ismael foi-se embora.
Quem agora irá contar sobre a perda de seu capitão?
Ahab,
Amarrado ao seu próprio inimigo.
Afogado,
Pelo próprio desejo.
Vingança ou prepotência?
- Destino!
Cada um há de julgar como quer,
Pois a mão com o martelo
É a mão que alimenta
E supre a necessidade de cuidar.

Oh Bill,
Que felicidade!
A sua volta significa muito para mim!
Venha, 
Tome um gole deste vinho amargo,
Coma desta suculenta carne.
Seus olhos, cansados, já viram de tudo
E mesmo assim ainda lhe falta tanto...
Nessas horas,
Não deves se tornar apressado.
Siga no seu passo
Ou algo lá fora irá te devorar.
Deite em seu leito,
Comece a sonhar.
Fico feliz de te reencontrar.
Amanhã partiremos para mais uma jornada.
Me pergunto quem aqui entre nós irá retornar.



quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Chuva de Setembro


 Eu sinto falta de um belo dia chuvoso.

                                    Realmente sinto!

                           Eu sinto falta disso.


De um dia frio,

    Numa tardezinha aconchegante

              Onde chove por horas e horas

                          E eu ali
                            Na varanda, lendo um livro

E vendo a hora passar.

Deitado numa rede, talvez trocando uma prosa com alguém

   Observando os cachorros a brincar.
          Eles correm,
                  Se contorcem para se secar

E deitam todos juntos
            Em bando, se aquecendo um com o outro.

Até que meus olhos se fechem,
      Caindo num delicioso sono
              E tudo isso diante desse glorioso cenário…

        Doce cenário!

Então meu deleite termina
    Com alguém me acordando e dizendo:
              “O jantar está na mesa, vamos?”

  Cara, como estou triste agora!
Quando que o ser humano vai parar de foder com o planeta Terra?
        Quando iremos voltar às nossas raízes?
                    Quando deixaremos tudo isso de lado?
                                Até quando iremos suportar?

Quando?






- 01/09/2020

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Insight sobre o Amor


Até então, eu achava que não conhecia o amor. Tive várias experiências em minha curta vida, mas nenhuma delas terminou bem-sucedida. Não que não tenha passado por momentos de pura felicidade, não é isso.

Afinal o que é o amor? O que é o amar?

Para os cientistas não passa de uma reação química, para os poetas inspiração, algo indescritível, uma antítese como Camões uma vez proclamara:
“Amar é criar um fogo que arde sem se ver, uma ferida que dói sem sentir.”

Eu achava que não entendia o amor. E ainda não entendo! Ele é tão misterioso, envolvente e sedutor. É o prazer casado com a felicidade, casado com a dor. Há vários jeitos de interpretá-lo, de senti-lo.

Como fui tolo ao cogitar que durante toda a minha existência nunca tinha expressado desse tal sentimento, afinal, o que é amar?

O amor é poderoso. Ele vem e vai. É preciso estar de olhos bem abertos, ou melhor, coração bem aberto para poder sentir sua presença. Pois, na realidade, há várias formas de amar. Amor não é aquele famoso estereótipo de um grande coração vermelho ardendo em chamas batendo forte por sua amada. Não é somente as flechas que o cupido atira erroneamente por aí. Não, meus caros. Amar, um sentimento tão puro, que chega a vir do berço, dos braços de sua mãe, dos braços de seu pai, que trabalham arduamente para te entregar uma vida melhor que a deles. Para te cuidar e proteger, ensinar o que é viver. Ele vem dos seus irmãos, de suas irmãs. De sua família: primos, tias, avôs, avós, mas não somente de lá! Oh não! Ele surge de todo lugar. Quando você confia num amigo, quando essa pessoa está sempre lá, te apoiando, te ajudando e até te suportando. Vem de algum professor, que pena por horas tentando fazer-te entender as coisas. Vem dos bichos, de seus cachorros, de seus gatos…  É o sinal de empatia, quando você se importa com o outro. Da gentileza que você gera com as pessoas.

O amor é afrontoso. Ele não se limita em aparecer somente em uma relação entre seres vivos, ele consegue chegar até no mundo material. Como uma pessoa que sempre sonhou em ter um carro. Que trabalhou, juntou grana, deixou de viver só para conquistar seu sonho: um Opalão 8 canecos! E que cuida todos os dias dele. O amor pelo dinheiro, pelo poder que ele traz. Amor por brilhantes, jóias e afins.

Ele chega também no mundo das ideias, onde revolucionários lutam, acreditando em um futuro melhor; Ao se olhar no espelho e se apaixonar. O amor é tão corajoso, que ousa se adentrar no tempo, no passado e no presente, criando memórias saborosas. A lembrança de um momento de puro prazer e felicidade. Pode ser ele a infância, uma viagem ou até mesmo uma transa gostosa. Está no toque de alguém, num olhar, numa fala, num simples sussurro dizendo: “Eu te amo”, o que pode gerar consequências fantásticas. O amor vem e vai, só é preciso estar de olh… coração aberto para senti-lo e abraçá-lo, pois afinal, o que é amar, se não a plenitude de saber que está vivo e bem com aqueles que você se importa? Então sim, eu amei, eu amo e ainda vou amar. Não é um simples romance que vai me limitar. Se dê o luxo de se amar e de amar aos próximos. Deixe esse sentimento penetrar em sua vida. Deixe ele te fazer sofrer, chorar e gritar. Deixe que ele te traga paz, felicidade ou boas memórias. E ame a possibilidade de se permitir amar.





(Diana e o Cupido - Pompeo Batoni - 1761)